Campo Grande (MS) – O trabalho remunerado é mais que uma oportunidade de ganho de dinheiro lícito para reeducandos do regime semiaberto na Capital, representa também um importante meio de reinserção social. É o que garantem internos que trabalham na empresa de embalagens de peças instalada no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira (CPAIG), uma das cinco existentes no presídio. A iniciativa acontece por meio de convênio entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e a Saad Embalagens.
No local, os trabalhadores embalam, em média, 2,5 mil peças por dia, entre pregos, parafusos, encaixes, pincéis e demais itens pequenos utilizados, principalmente, na construção civil. O trabalho existe há cerca de seis meses no estabelecimento prisional e ocupa a mão de obra de quatro internos. Pelos serviços prestados, eles recebem remuneração de ¾ do salário mínimo vigente e redução de um dia na pena a cada três trabalhados. A carga horária é de 44 horas semanais.
Segundo o empresário Marcelo Saad, a implantação da oficina na unidade prisional e a ocupação de mão de obra prisional geram uma economia de, no mínimo, 40% nos custos, além do importante fator social da proposta. “Iniciei trabalhando como funcionário de outra empresa aqui no presídio, vi as vantagens e busquei parceria para implantar o meu negócio, foi muito difícil conseguir por causa do preconceito, mas deu certo e estou muito satisfeito. A minha equipe é excelente”, comenta.
Patrick Balbino Miranda trabalha no local desde que a oficina foi instalada. Para ele, “o trabalho, representa um espaço para retornar à sociedade com outro tipo de visão”. O reeducando acredita que a ocupação é um importante meio de ressocialização. “Pensamento vazio é oficina do encardido; trabalhando a gente ocupa a mente e mostra para a sociedade que queremos mudanças nas nossas vidas”, destaca.
O interno Alexandre Rocha Santos também trabalha na empresa de embalagens e espera que a nova experiência represente mais uma importante oportunidade de trabalho lícito também quando conquistar a liberdade. “Vejo isso aqui como uma profissão, pois, a gente aprende a trabalhar com máquina, qualquer serviço lá fora nesse ramo a gente pode conseguir uma vaga. Quero sair daqui e evitar coisas erradas, o que eu fiz não quero mais e o trabalho vai me ajudar nisso”, afirma.
Ampliação
Graças ao sucesso dos trabalhos a meta da Saad Embalagens agora é ampliar as frentes de trabalho no local, com o embalamento de pedras sanitárias, buchas para banho, sacos de lixo, entre outros produtos. “Com isso, deveremos abrir mais 12 vagas de trabalho”, informa Marcelo, destacando que os novos serviços devem ser implantados em menos de um mês.
Para o diretor interino do Centro Penal, Adiel Barbosa, o trabalho ajuda na disciplina dos custodiados. “A partir do momento que você oportuniza o trabalho, dá dignidade a eles, pois também possibilita uma profissão", afirma.
O Centro Penal Agroindustrial da Gameleira é a unidade prisional com maior número de internos trabalhando no Estado, conforme dados da Divisão do Trabalho da Agepen, somando 551 trabalhadores. Por se tratar de cumprimento de pena em semiliberdade, muitos custodiados trabalham fora do presídio por meio de parcerias da agência penitenciária e Conselho da Comunidade de Campo Grande.
Keila Oliveira - Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen)
Foto: Keila Oliveira