Fórum das TVs Públicas Estaduais foi estabelecido e formalizado com a participação de emissoras de 18 Estados.
Campo Grande (MS) - Após criação do Fórum das TVs Públicas Estaduais no dia 26 de agosto, no auditório da Fundação Padre Anchieta (FPA), em São Paulo (SP), em ato que teve à frente o ex-presidente e criador da Associação Brasileira de Emissoras Públicas e Educativas e Culturais (Abepec), Jorge Cunha Lima, e o diretor presidente da TV Cultura de São Paulo, Marcos Mendonça.
Na reunião encaminhada por Fábio Chateaubriand Guedes Borba, diretor de rede da TV Cultura/SP e “considerada histórica” pelos dirigentes, contou com representantes de 18 emissoras públicas do país e quer transformar o Fórum no principal interlocutor junto ao Governo Federal e no relacionamento com as emissoras públicas brasileiras.
O Fórum das TVs Públicas Estaduais foi estabelecido e formalizado com a assinatura dos seguintes estados: TV Cultura/SP, TV Cultura do Amazonas, TVE Alagoas, TVE Bahia, TVE Ceará, TVE-ES, Rede Minas, TVE Goiás, TVE-MS, Rede Cultura do Pará, E-Paraná, TVE Pernambuco, TVE-RS, EBC Rio de Janeiro, TVE Tocantins, TVE Sergipe, TVE Acre e TVE Piauí.
Um dos primeiros a se posicionar na reunião, o diretor presidente da TVE-MS e jornalista, Bosco Martins, teve sua proposta acatada pelo plenário elegendo uma diretoria por regiões brasileiras e por aclamação. Assim, ficou definido para presidir o Fórum, o jornalista Sérgio Kobayashi, diretor presidente da E-Paraná.
Os demais representantes regionais que compõem a direção da nova entidade são: a TV Cultura do Pará (Norte), TVE Bahia (Nordeste), TVE Mato Grosso do Sul (Centro-Oeste), TV Cultura de São Paulo (Sudeste) e E-Paraná (Sul).
A discussão sobre a regulamentação da multiprogramação – que prevê a criação de subcanais no sistema digital, ligados a um canal principal, com programações segmentadas – foi um dos temas debatidos no encontro. A TV Cultura de São Paulo e a TVE-Paraná já têm os recursos e defendem a sua ampliação a todas as emissoras públicas.
O tema está ligado à digitalização das emissoras públicas, que ainda não deixaram o sistema analógico em sua totalidade. A falta de investimento é o principal gargalo nesse sentido, assunto que também foi debatido durante a reunião, juntamente com as alternativas de financiamento das TVs. O financiamento será um dos temas da próxima reunião do Fórum, prevista para acontecer em Brasília.
O jornalista Sergio Kobayashi, presidente da TV É-Paraná e do Fórum das TVs Públicas Estaduais, que agora congrega as emissoras educativas dos estados brasileiros e a TV Cultura de São Paulo, disse que seu programa frente à entidade é reivindicar apoio dos governos para o desenvolvimento de programas educativos e a implantação do sistema digital em toda a rede pública até 2023.
Dependentes principalmente de verbas estatais, as emissoras educativas até então assistiam passivas à pressão pelo fim de brechas legais que lhes permitem captar recursos de publicidade institucional, apoio cultural e patrocínio incentivado. Hoje, a captação de recursos privados corresponde a 30% da receita da TV Cultura.
O diretor-presidente da TVE-MS e um dos principais incentivadores da criação do Fórum acredita que a implementação da TV digital no país possibilitará que as TVs públicas do Brasil, atualmente com baixa audiência, alcancem um “outro modelo e patamar” e pela qualidade de sua programação “aumentem substancialmente suas audiências”.
Transição
Durante o encontro, que debateu também a transição do sistema de TV analógico para o digital, Bosco Martins argumentou que a implementação do sinal digital vai possibilitar responder ao questionamento: se a baixa audiência dos canais de TV públicos ocorre pela qualidade da programação ou porque a população não os conhece. “A gente tem percebido, a partir das nossas parceiras e dos canais próprios, que quando conseguimos resolver problemas de qualidade do sinal a audiência aumenta e muito. Na medida em que a TV pública possa ser mais conhecida, competindo com as demais TVs comerciais no processo de digitalização, acreditamos que a audiência tende a aumentar bastante”, disse.
Fabio Chateaubriand falou do aumento da audiência com as parcerias e do modelo de TV Pública, com uma grade nacional entre as emissoras, através de acordos e ampliação geográfica de sua retransmissão, sem perder a qualidade de sua programação: “Com o avanço, a TV Cultura passa a alcançar 132 milhões de pessoas em canal aberto. Já está presente nas cinco regiões brasileiras e hoje o sinal da TV Cultura ultrapassa 2100 municípios por meio de 105 emissoras afiliadas e retransmissoras. Em um período de quatro anos, de 2013 a 2017, a cobertura da nossa emissora saltou de 11 para 26 estados brasileiros, uma expansão de 150%. No início deste período, o sinal era disponível apenas para 68 milhões de habitantes“, finalizou Chateaubriand.
Kemila Pellin - TVE-MS
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