Filosofia sobrevive a diversos períodos da história e se reinventa junto com a educação

  • Geral
  • Bruna Estella dos Santos Pereira
  • 16/agosto/2020 10:20 am
  • Agência de Noticias do Governo de Mato Grosso do Sul

No dia do filósofo, professor ressalta as diversas áreas do cotidiano onde podemos utilizar dessa ciência 

Hoje, dia 16 de agosto, é comemorado o Dia do Filósofo. Mas você sabe por que a Filosofia é tão importante para a nossa vida e como podemos inseri-la no nosso dia a dia? Conversamos exatamente sobre isso com o professor de Filosofia da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul, Cesar Augusto Floriano dos Santos.

De acordo com o docente, a Filosofia, como uma das Ciências Humanas, é a área do conhecimento que trata do aspecto do homem e pode servir desde o autoconhecimento até as tomadas de decisões ao longo da vida, como também ajudar no convívio social e o simples fato de desenvolver em nós a capacidade de raciocínio e questionamentos sobre a existência e sobre o mundo. As grandes áreas da Filosofia abordam, por exemplo, a Ciência, a Estética, a Ética, a Linguagem e a Política.

“Podemos usar a Filosofia como ferramenta para compreender temas como imediatismo, angústia, comparações e amor-próprio. Ela aborda questões cotidianas como o mundo político, as redes sociais entre outros assuntos por meio de pensadores clássicos. Pensar a Filosofia na prática é pensar sobre o que estamos fazendo e como estamos vivendo”, analisou.

Cesar Augusto Floriano dos Santos

Cesar sempre teve o sonho de ser jornalista e em 2005 concluiu o curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo, mas ele conta que a Filosofia aconteceu na sua vida e que seu interesse pela disciplina surgiu durante estágio em 2009 na Escola Estadual Joaquim Murtinho, onde hoje é professor.

“A Filosofia é uma disciplina do ensino médio na Rede Estadual de Ensino em Mato Grosso do Sul. Eu leciono no 1° ano na Escola Estadual Professora Fausta Garcia Bueno e no 2° e 3° ano na Escola Estadual 26 de Agosto. Além de Filosofia eu sou professor das disciplinas de Projeto de Vida, Pós-Médio e Pesquisa e Autoria na Escola Estadual Joaquim Murtinho. Este ano tem sido um grande aprendizado trabalhar pela primeira vez no ensino fundamental.”

Em 2020 a pandemia de coronavírus chegou ao Brasil e alterou a rotina da maioria das pessoas. Com Cesar não foi diferente. Ele começou a lecionar através de aulas gravadas para televisão e no Google Sala de Aula, mas como não atuou em frente às câmeras após a conclusão da sua faculdade de jornalismo, as aulas na TV aberta tem sido a realização de um sonho.

“A pandemia alterou a rotina da maioria das pessoas, inclusive a minha. Hoje o estúdio de televisão virou a minha sala de aula e quando eu olho para as câmeras é diferente de estar à frente da minha turma e ensinar, em média, 40 estudantes. Pelo sinal de transmissão, além de Campo Grande, a aula chega em Paranaíba, Cassilândia, Aparecida do Taboado, Chapadão do Sul, Costa Rica, Três Lagoas, Corumbá, Bonito, Dourados e Ponta Porã. Mais de 360 mil estudantes de todas as redes (pública e privada) estão sendo beneficiados com a veiculação das aulas e claro que eu sinto um frio na barriga e ao mesmo tempo uma realização profissional e pessoal. É uma rotina completamente diferente, exaustiva, mas gratificante”, afirmou Cesar.

Com o dia a dia diferente do habitual, Cesar considera que esse momento pode ser analisado com um olhar filosófico, seja do próprio questionamento, de indagarmos sobre nossos hábitos, responsabilidade, autocuidado e do cuidado com o outro. De ainda nos perguntarmos o porquê de tudo isso estar acontecendo.

Ele destaca ainda que a dialética de Sócrates pode ser evidenciada nos diálogos entre os diversos setores para minimizar os impactos da pandemia de coronavírus e trazer a luz respostas que não sejam vagas e imprecisas.

“Quando fomos surpreendidos pela pandemia, o primeiro olhar filosófico para este período que eu tive foi a Caverna de Platão. O mito da caverna é uma metáfora criada pelo filósofo grego Platão, discípulo de Sócrates, presente na obra A República, que consiste na tentativa de explicar a condição de ignorância em que vivem os seres humanos e o que seria necessário para atingir o verdadeiro mundo real. A busca pelo conhecimento verdadeiro é se libertar das correntes que aprisionaram os homens da caverna.”

E neste período em que vivemos o servidor acredita que “ficar na caverna” representa a atitude mais sábia. Como a Filosofia nos leva a reflexão, esta foi a primeira atividade proposta por ele logo que as aulas presenciais foram suspensas.

“A Atividade Pedagógica Complementar sugerida aos estudantes do 1° ano do ensino médio da Escola Estadual Profª Fausta Garcia Bueno foi leitura do fragmento deste diálogo e a associação com a crescente pandemia do coronavírus, trazendo a luz do conhecimento deste pensamento para os dias atuais e levando em consideração qual seria a atitude racional mais sábia hoje. Diante das notícias falsas, também solicitei pesquisas na internet sobre os mitos e verdades da doença, tendo em vista que o sentido filosófico da caverna é a falta de conhecimento ou o conhecimento distorcido e o mito faz referência à ignorância do ser humano”, relembrou.

Outra atividade proposta por Cesar foi o estudo sobre os principais filósofos da Idade Moderna, como René Descartes, Francis Bacon e John Locke, onde os estudantes foram convidados a produzir histórias em quadrinhos afim de analisar os pensadores para uma compressão fundamentada em suas teorias, relacionando e compreendendo a sua utilização em nosso meio social.

“Parte-se do pressuposto para que uma determinada disciplina faça sentido ao estudante contemporâneo é preciso considerar as multiplicidades linguísticas a que este está conectado, tais como, memes, tirinhas e charges, ou seja, textos que garantem a informação com uma maior rapidez”, disse o professor.

Atividade desenvolvida por João Guilherme Alves da Silva, estudante do 2° ano do ensino médio da Escola Estadual 26 de Agosto

Ao refletir sobre a pandemia de coronavírus, Cesar acredita que um grande aprendizado será sobre a descoberta de que precisamos desenvolver competências socioemocionais, que são habilidades humanas, para nos equilibrar e fortalecer as relações entre as pessoas.

“Muitas são as lições que a pandemia tem nos ensinado, mas a amabilidade, a resiliência emocional e a abertura ao novo são macrocompetências que envolvem a empatia, a responsabilidade, a tolerância ao estresse, a tolerância a frustração e a curiosidade para aprender”, destacou.

E contextualizando com os dias atuais, onde muitas pessoas estão desesperançosas, Cesar recorda que no decorrer da História da Filosofia também nos deparamos com o ceticismo, que é a falta de crença.

“Ao invés de se opor aos eventos naturais, o sábio é aquele que conduz a própria vida e encontra a felicidade nas coisas que podemos controlar, como por exemplo, manter o protocolo das medidas de biossegurança: usar máscaras, lavar as mãos com água e sabão, manter o distanciamento social e demais medidas apontadas pela Organização Mundial da Saúde para evitar a contaminação e uma possível perda pelo coronavírus, doença que já soma mais de 105 mil mortes no Brasil”, finaliza.

Ana Letícia Gaúna, SAD
Fotos: arquivos SAD/ Divulgação Existo

Veja Também
Últimas Notícias