Campo Grande - Os ajustes técnicos, fiscais e de ordem legal realizados pelo Governo do Estado na reformulação do programa Precoce MS, que substitui o Novilho Precoce lançado na década de 1990, buscam agregar, de forma voluntária, atributos de qualidade e consequentemente valor à cadeia produtiva da pecuária de Mato Grosso do Sul. Com lançamento em fevereiro, o Precoce MS aumenta a segurança no controle sanitário e eficiência do animal, valoriza o produtor que utiliza sistemas sustentáveis e oferece uma carne diferenciada ao mercado.
Aumentar o desfrute do rebanho de corte, incentivando a eficiência e a eficácia do produtor rural, premiando com incentivo financeiro a qualidade do produto obtido e o nível do processo produtivo continuam sendo o mote do programa, do qual podem participar produtores rurais de Mato Grosso do Sul que atendam aos critérios exigidos. A informatização das fases de operacionalização, pelo Governo do Estado, é uma importante ação que deve garantir maior transparência ao Precoce MS.
As alterações técnicas e operacionais do programa, em discussão com o setor produtivo desde 2015, são a própria síntese da evolução da pecuária – do campo à mesa do consumidor -, nos últimos anos, explicou o secretário estadual de Produção e Agricultura Familiar (Sepaf), Fernando Mendes Lamas. O esforço conjunto do Estado e entidades representativas, como a Famasul e Embrapa, visa melhorar os níveis de produtividade, onde se configura produzir um animal de qualidade em menor espaço por hectare com bom acabamento.
Sustentabilidade
As mudanças repercutiram bem no meio produtivo, na opinião do empresário Sérgio Capuci, do grupo Naturafrig, com unidades em Rochedo e Nova Andradina. “Essa reformulação era necessária para acompanhar a evolução da pecuária, com critérios mais rigorosos que vão trazer benefícios a toda cadeia, gerando uma produção mais sustentável e profissionalizando o produtor”, disse Capuci. “A indústria também se ajustará para atender aos novos requisitos e quem ganha é o Estado com uma carne de qualidade”, completou.
Com regras mais ajustadas, segundo o secretário, o programa quer contribuiu para que a carne produzida em Mato Grosso do Sul seja reconhecida pela qualidade e seu diferencial sanitário dentro e fora do País, fortalecendo, assim, a cadeia produtiva e gerando números econômicos positivos ao Estado. “A nossa pecuária tem muito a melhorar e o governo vem atuando de forma estratégica para criar condições seguras para que o setor continue evoluindo de todas suas vertentes, não apenas no ganho em arroba por hectare”, disse Lamas.
Dinâmica de mercado
Apostando nesse novo momento da pecuária sul-mato-grossense, o governador Reinaldo Azambuja avaliou como positiva a reformulação de um programa criado há 24 anos, que muito contribuiu para colocar a pecuária do Estado entre as melhores do País, hoje com participação expressiva na economia local. “Estamos criando um novo programa para elevarmos a pecuária a um patamar que atenda a dinâmica dos mercados cada vez mais agressivos, oferecendo uma carne de qualidade”, destacou.
Com a mudança, o programa terá ampliados os critérios de análise de produção, os quais vão abranger não só os atributos do animal, mas, também, as condições das propriedades criadoras. Atualmente, 100% da avaliação dos animais classificados como ‘novilho precoce’ é feita no frigorífico. A partir de reformulação, a tipificação da carcaça passa a ter peso de 70% e os 30% restantes serão decorrentes das condições do estabelecimento.
Maior controle
Fernando Lamas explicou que a avaliação técnica, a partir de agora, não se restringirá à melhoria do peso e da cobertura de gordura dos animais e maior uniformidade nos lotes. Incluirá as boas práticas agropecuárias dentro do sistema de produção na propriedade, como a qualidade da pastagem, nível de conservação do solo, reserva legal, participação associativista do produtor e cumprimento das obrigações sociais e trabalhistas.
Conforme as novas regras, o aumento da segurança no controle e na credibilidade dos processos de aferição de resultados de desempenho de estabelecimentos pecuários e dos produtos obtidos (animais), se dará através da cobrança de maior empenho e compromisso dos responsáveis técnicos pelos empreendimentos, com a utilização de instrumentos legais, como a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART’s), devidamente fiscalizados pelos conselhos de classe (CREA e CRMV).
Certificação
Os frigoríficos credenciados passam a assumir o compromisso de disporem e utilizarem equipamentos de coleta/transmissão de dados e informações sobre a tipificação de animais em tempo real, ao banco de dados do Estado, e também de procederem o pagamento de eventuais bonificações, por depósito bancário, na conta do beneficiário, em até três dias após o abate. Os frigoríficos também assumem, integralmente, a função de classificação e tipificação de carcaças, tarefa anteriormente realizada pela secretaria estadual de Fazenda (Sefaz).
Sílvio Andrade - Subsecom
Fotos - Edemir Rodrigues - Subsecom