Campo Grande (MS) – O governador Reinaldo Azambuja debateu com o presidente da Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), Roberto Hollanda Filho e com representantes do setor sucroenergértico do Estado uma agenda com propostas que ampliam a cadeia produtiva da energia sul-mato-grossense.
Apesar do cenário de estagnação econômica brasileira, a meta do setor ainda para este ano é passar das 43 milhões de toneladas de cana moída para 50 milhões, levando Mato Grosso do Sul para o quarto lugar entre os estados produtores, atrás apenas de São Paulo, Goiás e Minas Gerais.
A agenda apresentada ao governador e aos secretários Jaime Verruck, de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico e Marcio Monteiro, da Fazenda, apresenta dados consolidados da atual produção e geração de energia do setor e de demandas do setor que podem ser analisadas e viabilizadas pelo Governo do Estado.
Entre as demandas está o estudo de uma diferenciação tributária para o etanol, normatização da aplicação da vinhaça, envolvimento em pesquisas e tecnologia e apoio da Inteligência da Secretaria de Justiça e Segurança Pública contra roubos de grandes cargas de fertilizantes.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, o Governo do Estado estuda as possíveis aplicações das demandas em parceria com o setor pautado sempre pela evolução produtiva.
O estudo de uma tributação diferenciada já está nos planos do governo, que trabalha atualmente na criação de uma política de combustíveis capaz de tornar os preços mais competitivos e ampliar a produção sem perdas de arrecadação.
“A política de combustíveis do Governo do Estado está sendo estudada e engloba não apenas o diesel, que já foi objeto de debates com revendedores, mas também o etanol. Nossa meta é garantir que a tributação diminua na mesma proporção em que a produção cresça, para estimularmos o consumo interno”, explicou o secretário.
O governo também assegurou aos representantes do setor sucroalcooleiro que acompanhará as definições da Assembléia Legislativa quanto à normatização da vinhaça, já que um projeto de lei que regulamenta sua utilização está tramitando na Casa de Leis.
Resultado do processamento industrial do etanol, a vinhaça pode ser usada na produção de proteínas por fermentação anaeróbica, na produção de gás metano, na formulação de ração animal, na utilização como adubo na lavoura ou queima para a produção de fertilizante e na utilização agrícola do resíduo in natura, em substituição total ou parcial às adubações minerais.
O Estado também investirá em ciência e tecnologia para desenvolver alternativas em duas frentes: na formulação de uma variedade de cana-de-açúcar plenamente adaptada ao clima e solo sul-mato-grossense e no combate à mosca dos estábulos, inseto que ataca os rebanhos e cujo aumento populacional está vinculado à prática de fertiirrigação com vinhaça. Surtos populacionais já foram observados no estado de São Paulo.
“O governador também estuda formas de diminuir os casos de roubo de cargas de fertilizantes que acontecem nas usinas do Estado. A Secretaria de Justiça e Segurança Pública irá utilizar as ferramentas adequadas para evitar esses crimes, que acontecem de forma organizada e abastecem o mercado paralelo”, explicou Verruck.
Produção
Com capacidade instalada de produzir mais de 61 milhões de toneladas de cana, Mato Grosso do Sul pode ampliar sua atual produção através de investimentos da iniciativa privada e apoio do Governo. Atualmente 22 usinas operam no Estado, garantindo a quarta colocação entre os estados produtores de etanol.
A produção oriunda dessas usinas – cerca de 750 mil hectares de cana para a próxima safra que serão colhidas em 97% dos casos de forma mecanizada – devem render ao Estado e ao país um mínimo de 3 bilhões de litros de etanol e 2,2 milhões de toneladas de açúcar, oferecendo maior oferta do combustível vegetal e ampliando a matriz econômica através das exportações.
Somente na safra passada as usinas sul-mato-grossenses produziram 2,44 bilhões de litros de etanol, volume 9,7% maior em relação à safra anterior. Desse total, 1,77 bilhões de litros de hidratado, que é direcionado para as bombas dos postos de combustíveis e 668,6 milhões de litros de anidro, utilizado na mistura com a gasolina regida pelo governo federal.
Em 2014, das 22 unidades de produção de açúcar e etanol instaladas no Estado, 12 conseguiram exportar excedente de bioeletricidade para o sistema elétrico nacional. Foram adicionados ao consumo brasileiro 2.182,7 GWh, o que representa o consumo doméstico e parte do consumo industrial anual do Estado.
Texto: Marcio Breda - Subsecom