Campo Grande (MS) – Um projeto patrocinado com recursos do FIC está modificando a realidade das comunidades de quatro regiões da periferia de Campo Grande por meio da capoeira. É o projeto Zumbi, que começou em janeiro deste ano e está levando oficinas de capoeira para as regiões norte, sul, leste e oeste da Capital.
O coordenador, proponente do projeto e oficineiro, mestre Zumbi, tem 28 anos de trabalho com capoeira em projetos sociais de Campo Grande. Ele explica que o projeto prevê uma média de 60 alunos por núcleo, sendo 30% das vagas garantidas para o público feminino e 20% para portadores de necessidades especiais. “É um projeto de inclusão. A capoeira é luta, poesia, dança, música, manifestação popular, é a cultura de um povo”.
São quatro mestres de capoeira, um por região, para ministrar as oficinas. Mestre Zumbi atua na região do bairro Noroeste; mestre Meia Noite na região Leste, do bairro Tiradentes; mestre Ligeirinho na região Sul e mestre Maneiro na região Oeste, no bairro Silvia Regina. “O projeto pode ser executado no Centro Comunitário, Ongs, escolas e praças públicas”.
Na região do bairro Noroeste, onde mestre Zumbi atua, as oficinas acontecem no Centro de Educação Infantil Anandamóyi. A oficina atende 125 crianças no projeto, nas duas unidades da escola. A diretora e presidente da Associação Anandamóyi, Artemisa Lima Coelho, explica que as crianças e suas famílias foram transformadas pela capoeira. “A criança vulnerável tem uma carência muito grande. Com a atuação do mestre Zumbi ela se sente amada e faz dessa pessoa um referencial pelo afeto. A autoestima também se volta para a família das crianças, quebrando esse tabu da pobreza em valores”.
Mestre Zumbi fala que um dos objetivos do projeto é resgatar a identidade dos mestres de capoeira que ficaram no esquecimento. “O projeto trabalha com mestres que têm mais de 20 anos de serviços prestados na sociedade campo-grandense. Eu conheço o bairro Noroeste desde que foi fundado, na época de criação do Presídio de Segurança Máxima. Muitas pessoas imigraram para esta região por causa das visitas aos encarcerados. É um dos maiores bairros da cidade em área e um dos mais periculosos por falta de apoio do poder público. Não tem opções culturais no bairro. Se eu conseguir que 10% dos alunos não se perca com drogas ou prostituição e que conclua seus estudos, que se formem cidadãos, já está ótimo”.
O projeto tem previsão de ser realizado em sua primeira etapa até julho deste ano. Para o próximo semestre deve-se buscar novas parcerias para a estruturação do projeto. “A importância do FIC é o fomento para a iniciação das atividades. Conseguimos remunerar os professores e material gráfico. Nossa proposta é estruturar o projeto com uniformização para os alunos. Com o FIC, conseguimos uma remuneração digna para os mestres. São 160 horas/aula na totalidade da primeira fase do projeto, duas vezes por semana. Fazemos um convite aos membros do Conselho Estadual de Cultura para que venham nos fazer uma visita e ver o que é o projeto”, finaliza mestre Zumbi.
Karina Lima - Secretaria de Estado de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação (Sectei)
Foto: Débora Camposano