Com foco no melhor aproveitamento de materiais doados pela Receita Federal, a direção do EPFIIZ (Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”) está investindo na customização das peças para atender às necessidades da unidade prisional e das custodiadas. A iniciativa, além de representar uma frente produtiva de trabalho e aprendizado, reflete em economia para os cofres públicos.
Como no presídio é adotado o uso da cor laranja nos uniformes, conforme estabelecido pela Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), peças em cores claras estão sendo tingidas e customizadas para uso das próprias internas.
Nas mãos das costureiras da unidade prisional, camisetas também viram bermudas, entre outros exemplos, com criatividade e profissionalização. Até os calçados doados são descaracterizados com retirada das “marcas” para aproveitamento às internas.
“A customização foi uma ideia apresentada pela Receita Federal, por ser uma forma também de capacitar as custodiadas, tendo em vista o grande volume de material”, explica a diretora do EPFIIZ, Mari Jane Boleti Carrilho. “E isso está atendendo muito a nossa necessidade, possibilitando mais uniformes às internas, inclusive com relação às roupas de inverno”, complementa.
Entre as peças transformadas, está a produção de ecobags e sacolas de mercado, que serão repassadas à Receita Federal para ações que desejar, como campanhas, doações a instituições sociais etc. Outra parte desses materiais é destinada para as próprias reeducandas para organização de seus pertences nas celas.
A distribuição contempla também a produção de pijamas, roupas de inverno, meias, lingeries, cobertores, entre outros itens. “Muitas de nós não recebemos visitas, não temos o apoio da nossa família, então essas doações são importantes”, afirma Ricarda Aveiro, que cumpre pena há seis anos no local.
A customização é realizada há dois meses por oito internas, que recebem remição de um dia na pena a cada três de serviços prestados, em conformidade com a LEP (Lei de Execução Penal), representando um meio de as trabalhadoras voltarem mais cedo para a casa, em retribuição ao suor do seu labor, além de todo aprendizado adquirido, que pode ser também fonte de renda quando conquistarem a liberdade.
A reeducanda Márcia Regina de Arruda Alves, 46 anos, é uma delas, e garante que trabalhar é muito positivo, pois é uma forma de se ocupar e ser produtiva. “Eu corto e costuro e estou ensinando outras também a fazerem este trabalho, a mexerem nas máquinas, tudo que estiver envolvido na costura”, comenta.
A produção é coordenada pelo Setor de Trabalho do EPFIIZ e não tem prazo para ser concluída, pois conforme os materiais são transformados, são destinados para uso das internas.
As ações de labor prisional nas unidades da Agepen são coordenadas pela Diretoria de Assistência Penitenciária, por meio de sua Divisão do Trabalho Prisional.
Texto: Keila Oliveira e Tatyane Santinoni
Fotos: Tatyane Santinoni