O enfrentamento à dependência química entre a massa carcerária de Mato Grosso do Sul é uma das frentes de ressocialização da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) que, cada vez mais, vem ampliando o total de assistidos em grupos terapêuticos realizados dentro das unidades prisionais, em parceria com o N.A. (Narcóticos Anônimos).
Dados da Diretoria de Assistência Penitenciária, por meio de sua Divisão de Promoção Social, apontam que, em quatro meses, houve um aumento de 381 participantes, em 35 estabelecimentos penais, nos “Grupos de Enfrentamento à Dependência Química” ativos nas prisões do Estado, representando um crescimento médio de 35% no período comparativo entre fevereiro e maio deste ano.
O trabalho sistematizado de enfrentamento à drogadição tem foco no tratamento penal humanizado e combate à reincidência criminal. Os projetos são executados por psicólogos e assistentes sociais da Agepen e envolvem, principalmente, terapia em grupo, baseada na dialética do “ensinar-aprender”.
São trabalhados os doze passos para a recuperação e a principal meta é superar o hoje, um dia de cada vez. A iniciativa busca conhecer a experiência de vida de cada um dos envolvidos, analisando a compreensão da forma como eles reagem, os modos como fazem e de que maneira escolhem as substâncias, no sentido de identificar as principais dificuldades enfrentadas.
Para esse maior alcance no total de atendidos, a Agepen também conta com a tecnologia, pois hoje são 14 grupos virtuais, com exibição das palestras e demais orientações e trocas de experiência por meio de projeção on-line ao vivo, nas condições de grupos de N.A, nas reuniões, além dos 21 com encontros presenciais.
De acordo com a chefe da Divisão de Promoção Social da Agepen, Marinês Savoia, a intenção é expandir ainda mais o total de reeducandos atendidos, por meio da conscientização da importância de superação do vício, tendo em vista que a participação nos grupos terapêuticos é voluntária.
Os profissionais da Agepen envolvidos nesses projetos passam por capacitações presenciais e on-line, seja por meio de ciclo de palestras ou reuniões com membros do N.A., que desenvolvem trabalho voluntário nos estabelecimentos prisionais, com o objetivo de proporcionar um espaço de interação para troca de experiências e conhecimento específico sobre dependência química.
Além do trabalho feito no interior dos estabelecimentos penais, ao conquistarem a liberdade, os assistidos pelos projetos ainda são orientados sobre os locais em que podem continuar o tratamento, seja em reuniões de Narcóticos Anônimos ou em comunidades terapêuticas mais próximas de suas residências.
O que é dependência química?
É definida pela 10ª edição da CID-10 (Classificação Internacional de Doenças), da OMS (Organização Mundial da Saúde), como um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após o uso repetido de determinada substância.
Keila Oliveira, Agepen