O setor de bioenergia de Mato Grosso do Sul prevê uma produção de etanol próxima a 4,7 bilhões de litros, volume 11% maior em relação ao ciclo atual (2024/2025). Já a produção de açúcar no Estado será de 2,6 milhões de toneladas, alcançando um crescimento de 30% para o ciclo 2025/2026.
Os dados foram apresentados hoje (26) na Expocanas ao governador Eduardo Riedel, lideranças do setor, entidades, prefeitos da região, secretários estaduais e parlamentares.
Junto com a divulgação do aumento da produção, a Atvos, usina sucroalcooleira que produz etanol e açúcar em três municípios de Mato Grosso do Sul, anunciou a instalação da maior planta de biometano com origem de vinhaça do mundo, em Nova Alvorada do Sul, um investimento de R$ 350 milhões. A iniciativa está alinhada com o projeto estratégico de descarbonização do Governo do Estado.
Ao comemorar a notícia, o governador Riedel destacou que o investimento anunciado é uma demonstração de confiança.
“Nós temos construído este ambiente que gera confiança aos investidores. A Atvos está presente no Estado e com anúncios importantes que contribuem para o crescimento e desenvolvimento de Mato Grosso do Sul. Quando o acionista resolve colocar recurso em alguma atividade aqui no Estado é porque ele confia e acredita nas pessoas e neste local. E o Mato Grosso do Sul tem construído essa confiança com todas essas instituições e investidores", frisou o governador.
A licença de instalação da unidade foi entregue ao executivo da Atvos, Bruno Serapião, pelo secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).
“O setor de bioenergia é um dos eixos estruturantes da política de desenvolvimento do Estado. E o Governo definiu como prioritário em investimentos, porque temos competitividade, assim como nas florestas e na proteína animal”, declarou Verruck.
Para o CEO da Atvos, a bioenergia está moldando o futuro. “No ano passado, anunciamos no evento o nosso primeiro projeto de biometano e reforço nosso compromisso com o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul, pois o Estado tem papel fundamental para impulsionar a transição energética no Brasil e no mundo”, complementou o executivo.
Mato Grosso do Sul é um dos líderes nacionais na produção de energia limpa e renovável, com destaque para a produção de etanol, açúcar e bioeletricidade a partir da cana-de-açúcar e do milho. Atualmente, o Estado conta com 22 usinas de bioenergia em operação e cerca de 50 fornecedores de cana, responsáveis por mais de 30 mil empregos diretos e presentes em mais de 40 municípios.
De acordo com o presidente da Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), Amaury Pekelman, as perspectivas para ciclo 2025/2026 são boas, mas o setor tem desafios pela frente como possível aumento de 30% de etanol à gasolina.
O setor de bioenergia de Mato Grosso do Sul registrou produção histórica de 4,2 bilhões de litros de etanol na safra 2024/25, mantendo o estado como quarto maior produtor do País.
O avanço foi impulsionado pelo etanol de milho, que atingiu participação expressiva de 37% no total produzido. Já a produção de açúcar se manteve estável em 2 milhões de toneladas, com ligeiro aumento de 0,1%.
Ainda segundo Pekelman, dois fatores foram determinantes para o ciclo 2024/2025. “A complementariedade do etanol de milho, que trouxe um salto tecnológico e estratégico para a produção do biocombustível. Outro aspecto importante foi a resiliência do setor, que mesmo com a redução na moagem de cana devido a eventos climáticos adversos, manteve sua capacidade produtiva e gerou resultados importantes”, avaliou.
O presidente da Sulcanas (Associação Sul-mato-grossense de Cana), Marcio Verrunes, ressaltou a parceria com parceiros do setor industrial.
Ainda segundo os organizadores, a expectativa é receber mais de 8 mil pessoas por dia. A feira conta com mais de 120 expositores em um espaço de 180 mil metros quadrados, com campos demonstrativos de variedades de cana-de-açúcar, além de outras culturas como milho, soja e sorgo, além de máquinas agrícolas, equipamentos com tecnologia de ponta e produtos inovadores para produtividade e manejo agrícola.
Em 2024, a feira movimentou cerca de R$ 70 milhões em novos negócios e a expectativa dos organizadores é superar esta marca.
O maior evento de bioenergia do Estado é organizado pela Sulcanas, com apoio da Biosul e do Governo do Estado. A terceira edição da Expocanas começou ontem (25), em Nova Alvorada do Sul, e se estende até a próxima quinta-feira (27).
Setor sucroenergético
A indústria sucroenergética de Mato Grosso do Sul é formada por 22 unidades em operação. Destas, todas produzem etanol hidratado, 12 produzem etanol anidro, 12 produzem açúcar [VHP, cristal ou refinado], todas geram bioeletricidade e 13 exportam o excedente dessa energia para a rede nacional.
O setor sucroenergético participa com 17% no PIB industrial do Estado, e possui atualmente 800 mil hectares de cana-de-açúcar plantada em 42 municípios.
Nova Alvorada do Sul, sede da Expocanas, é um dos maiores polos de cultivo de cana do Brasil, com mais de 100 mil hectares dedicados à produção da matéria-prima.
A Expocanas já faz parte do calendário oficial do Estado e traz como proposta reunir em um só lugar o que há de mais novo em tecnologias, inovação, pesquisas e práticas sustentáveis de produção adotadas pelo setor bioenergético.
Em Mato Grosso do Sul, todas as usinas de bioenergia em operação estão certificadas no RenovaBio, um dos maiores programas de descarbonização do mundo. A partir do programa, foi possível mensurar que de 2020 a 2024 a produção de etanol evitou a emissão de 13,7 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, equivalente a 89 milhões de árvores plantadas.
Alexandre Gonzaga, Comunicação do Governo de MS
Fotos: Saul Schramm/Secom
--
Relacionada:
Mato Grosso do Sul tem produção recorde de etanol e avança na descarbonização do setor bioenergético