As pesquisas visam a melhora da adaptabilidade por cruzamento de bovinos.
Campo Grande (MS) - Com foco no melhoramento genético de bovinos, a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems) tem o único laboratório em uma instituição pública de MS, em atividade, que pesquisa o melhoramento genético de gado e faz reprodução in vitro.
As pesquisas são feitas com a raça Nelore, Girolando e Pantaneira, em parceria com a Embrapa Gado de Corte e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), sendo financiada pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect).
De acordo com a professora, Fabiana de Andrade Melo Sterza, responsável pelo laboratório, atualmente já são 15 os bezerros nascidos, “eles são produzidos em laboratório e nascidos em uma fazenda em Anastácio. Temos mais 20 vacas gestantes, que os bezerros nascerão neste ano. Este trabalho foi interessante, pois a universidade não fez prestação de serviço, mas uma parceria de pesquisa”, ressaltou.
O trabalho de pesquisa coleta o sêmen do macho e o óvulo da fêmea de bovinos selecionados de bom potencial genético. Logo depois, o sêmen e o óvulo são maturados em incubadoras. Quando se desenvolvem e chegam à fase do embrião são transferidos para vacas (barriga de aluguel).
“Nós fazemos a melhora da adaptabilidade só por cruzamento, não fazemos modificação genética. Só selecionamos os melhores. Estas biotécnicas para o melhoramento são tanto para linha de corte como de leite”, destacou Fabiana.
Estes estudos visam saber sobre o efeito do estresse pelo calor – das condições tropicais – sobre a reprodução da biotecnologia da reprodução de bovinos adaptados. “Essas três raças são adaptadas ao calor e nós queremos ver até que ponto elas são adaptadas, o que podemos fazer para melhorar ainda mais o desempenho. Porque dentro da pecuária, nosso Estado tem um grande destaque. Somos muito bons no que fazemos, mas ainda temos muito espaço para melhorar. Então, temos buscado alternativas que nos permitam ultrapassar esse limite para melhorar ainda mais a nossa produtividade”, explica a professora.
O laboratório entrou em atividade em 2013. A princípio foram feitas apenas pesquisas básicas e os primeiros nelores nasceram em 2015. “A maioria dos embriões que produzimos aqui não são transferidos para as vacas, então, o número de experimentos não está diretamente relacionado ao número de nascidos, pois fazemos vários testes moleculares, dessa forma, muitos dos embriões são passados para uma outra etapa”, esclareceu.
Para o nascimento dos bezerros, o Grupo de Pesquisa em Tecnologias da Reprodução Animal (Gentra) - do qual faz parte os pesquisadores -, fez parceria, desde 2015, com Cláudio Zottesso, proprietário da Fazenda São Judas Tadeu. Na fazenda também são feitas várias avaliações dos efeitos na produção nas vacas prenhes e impactos do estresse térmico.
“A relação com a Universidade influenciou positivamente a rotina da fazenda, com a convivência e amizade com professores e acadêmicas, viramos uma grande família. Parece que os conhecimentos vão abrindo a cabeça de todos os envolvidos. Com o melhoramento da tecnologia, os funcionários percebem que tem que se organizar mais, para que com o acompanhamento os resultados das pesquisas sejam positivos. Ou seja, quanto mais capricho, mais acertos e melhores resultados, é preciso trabalhar com responsabilidade”, ressaltou Zottesso.
Texto e fotos: Projeto Mídia & Ciência Uems/Fundect