A SES (Secretaria de Estado de Saúde) realizou na quarta (11) e quinta-feira (12), uma capacitação para qualificar e atualizar profissionais nas alterações no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Tratamento de HIV/Aids em Adultos. O evento, realizado em parceria com o Ministério da Saúde, contou com a participação de especialistas na área de infectologia, com grande experiência no manejo e cuidado das PVHA (Pessoas Vivendo com HIV/Aids), com atuação em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.
A gerente de IST, HIV/Aids e Hepatites Virais da SES, Alessandra Salvatori, explica que em novembro de 2023 houve modificações realizadas no PCDT (Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas) do Ministério da Saúde e a importância da doença no âmbito do SUS. O documento orienta o cuidado e tratamento disponível no SUS e dividiu em três módulos, para facilitar a consulta por pacientes e profissionais de saúde.
“O Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas é a recomendação nacional para o manejo da infecção pelo HIV em adultos e tem como objetivo contribuir para a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/Aids”.
Essa atualização trouxe novas alternativas para a Terapia Antirretroviral, visando um melhor controle da infecção pelo HIV, e também introduziu novos testes diagnósticos. Além disso, o texto do documento foi reformulado para destacar, pela primeira vez, que pessoas vivendo com HIV/Aids e com carga viral indetectável não transmitem o vírus sexualmente. Foi acrescentada também a recomendação de iniciar o tratamento antirretroviral no mesmo dia do diagnóstico ou, no máximo, até sete dias depois.
A atualização preconiza o rastreio da tuberculose em todas as consultas, bem como o diagnóstico precoce com a utilização do LF-LAM, teste rápido, incorporado em 2021, para rastreio e diagnóstico da tuberculose pulmonar e extrapulmonar nas pessoas que vivem com HIV ou AIDS.
A consultora técnica do Ministério da Saúde, Marcela Vieira, explica que a última atualização do PCDT havia sido publicada em 2018 e que o evento, que está sendo realizado em outros estados, é uma necessidade de atualização dos profissionais.
“Essas capacitações representam esse momento que é muito especial tanto de escuta dos profissionais das equipes assistenciais, como também de aperfeiçoamento técnico na perspectiva de melhorar a assistência as pessoas vivendo com HIV/AIDS”.
O médico infectologista do Hospital Universitário de Brasília, André Bon, ressalta a importância da capacitação e o impacto na qualidade de vida dos pacientes que vivem com o vírus. “É assim, com uma uniformização da conduta que a gente consegue ter uma melhora do atendimento. É muito interessante a gente poder entender a realidade local e compartilhar e quais são as melhores práticas”, finaliza.
De 2007 até junho de 2023, foram registrados no SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) 489.594 casos de infecção pelo HIV no Brasil, sendo 38.761 na região centro-oeste. Em Mato Grosso do Sul, somente em 2023 foram notificados 1.233 casos de HIV/Aids, e desde o início da epidemia, dos anos de 1980 a 2022, Mato Grosso do Sul contabilizou 4.414 óbitos pela doença, dos 382.521 óbitos em nosso país.
Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas
O documento orienta o cuidado e tratamento disponível no SUS e, com a atualização, passa a ser dividido em três módulos, para facilitar a consulta por pacientes e profissionais de saúde. Inclui, ainda, novas opções de TARV (Terapia Antirretroviral), para controlar a infecção pelo HIV, além de novos testes diagnósticos.
Agora o documento será dividido nos seguintes módulos: I - Tratamento; II - Coinfecções e infecções oportunistas e III – Comorbidades. A portaria trouxe a publicação dos das duas primeiras partes.
No tratamento antirretroviral, foi adicionada a opção de “terapia dupla” que consiste na tomada de comprimido único e diário composto por lamivudina e dolutegravir, alternativa importante para pessoas com outras doenças e/ou com intolerância aos outros medicamentos disponíveis.
Também recomenda o uso do antirretroviral darunavir 800 mg para o tratamento de pessoas que seguem com carga viral do HIV detectável no sangue, mesmo com o uso do tratamento de primeira linha disponível no SUS, que inclui doses menores deste medicamento.
A disponibilização universal e gratuita de antirretrovirais tem sido uma importante estratégia para aumentar e melhorar a expectativa de vida das pessoas vivendo com HIV ou aids desde a década de 1990. A atualização do PCDT vem no contexto do compromisso assumido pela pasta, em janeiro desse ano, de eliminar o HIV/AIDS como problema de saúde pública no país.
Marcus Moura, Comunicação SES
(Com informações do Ministério da Saúde)