Mato Grosso do Sul sedia o Intercâmbio Brasil–Itália e Treinamento sobre Inteligência Penitenciária e Segurança Dinâmica, um dos mais relevantes encontros internacionais voltados ao fortalecimento da segurança pública e penitenciária. Reunindo especialistas dos dois países, a iniciativa coloca o estado no centro das discussões estratégicas que visam aprimorar a inteligência, qualificar protocolos e ampliar a cooperação no enfrentamento ao crime organizado.
A ação é promovida pelo Governo do Estado, por meio da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), em parceria com o UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime), e conta com o apoio de diversas instituições. Em um cenário em que a atuação integrada se torna indispensável, o intercâmbio representa um avanço significativo para o sistema prisional, promovendo a troca de experiências e o desenvolvimento de práticas modernas de segurança.

Guardião da Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional e das Regras de Mandela, o UNODC desenvolve no Brasil programas voltados à justiça criminal e melhoria dos sistemas prisionais. Para as discussões, Mato Grosso do Sul foi escolhido pela posição estratégica de fronteira, além do trabalho que vem desenvolvendo na área de inteligência penitenciária, e São Paulo, pela experiência em gestão de presos de alta periculosidade, representando estados-chave nessa articulação internacional.
Prestigiando o evento de abertura, na última quarta-feira (26.11)o vice-governador de Mato Grosso do Sul, José Carlos Barbosa, falou sobre a importância do intercâmbio. Segundo ele, a experiência italiana oferece contribuições valiosas para o enfrentamento ao crime organizado, especialmente em um estado com mais de 1.600 km de fronteira e forte pressão do tráfico internacional de drogas. Barbosinha enfatizou a relevância da inteligência penitenciária e defendeu maior participação da União no custeio dos presos oriundos do tráfico.
A diretora do Escritório de Relações Internacionais do Departamento de Administração Penitenciária da Itália, Francesca Gioieni, reforçou a importância da cooperação internacional no enfrentamento ao crime organizado. “Os desafios são globais, e a criminalidade se movimenta mais rápido do que as instituições”, disse, destacando que iniciativas como o intercâmbio são fundamentais para alinhar estratégias e fortalecer a atuação conjunta.
Gioieni também ressaltou a expressiva bagagem técnica da delegação italiana — que reúne “76 anos de experiência no sistema prisional” — e enfatizou que esse conhecimento só se torna mais eficiente quando é compartilhado. “Somos instituições que aprendem diariamente, mas é o compartilhamento que faz nossas organizações crescerem e se fortalecerem”, afirmou.
O diretor-presidente da Agepen, Rodrigo Rossi Maiorchini, também enfatizou que a inteligência é a base para conter o crime organizado dentro das unidades, e que Mato Grosso do Sul tem apostado nisso com bastante êxito. “E essa cooperação internacional, com certeza, fortalece, diretamente, ainda mais o sistema penitenciário sul-mato-grossense”, agradeceu.
Para a coordenadora do projeto no UNODC, Ana Carolina Pekny, as administrações penitenciárias estaduais exercem o papel central na resposta ao crime organizado. Em seu pronunciamento, Ana Carolina destacou que o projeto visa fortalecer a cooperação bilateral e ampliar capacidades técnicas direcionadas à gestão de presos de alta periculosidade, segurança dinâmica e técnicas de inteligência. Ela lembrou que iniciativas anteriores já capacitaram centenas de profissionais — citando ações desde 2021 que formaram mais de 1.400 agentes em temas como procedimentos prisionais, segurança dinâmica e gestão de presos de alto risco — e que a cooperação Brasil–Itália busca ampliar esses resultados.
Ana Carolina frisou, ainda, que a presença de organizações criminosas transnacionais torna a cooperação internacional uma prioridade crescente e que práticas baseadas em evidências e direitos humanos são essenciais para preservar a segurança, a ordem e as condições dignas de encarceramento, conforme padrões internacionais.
As atividades do intercâmbio envolvem treinamentos, apresentações técnicas e debates estratégicos, reforçando a cooperação contínua para o fortalecimento da segurança penitenciária no Brasil.

Comunicação Agepen
