As águas de março que fecham o verão trouxeram chuva para Campo Grande, mas não levaram embora o brilho da noite de domingo (30) no Campão Cultural. De guarda-chuvas abertos ou simplesmente entregues ao ritmo, o público seguiu firme, embalado pelo som que ressoava na Praça do Rádio. O festival, que exalta a diversidade, viu o palco pulsar com diferentes estilos, o som do Bloco Reggae e o folk rock de Guga Borba, enquanto a garoa transformava a cena em um verdadeiro espetáculo, ainda mais intenso.
O show "Isabel Fillardis convida Sandra Sá", que estava programado para esta noite, precisou ser adiado por questões climáticas. No entanto, a espera valerá a pena: a apresentação foi realocada para o Festival América do Sul, que acontecerá em maio, em Corumbá, garantindo que o encontro entre as artistas aconteça em grande estilo.
Ritmos aquecem a noite
A energia do domingão começou com o Bloco Reggae, que levou ao palco repertório repleto de clássicos jamaicanos e brasilidades dançantes. O público vibrou ao som de canções icônicas de Bob Marley e Gilberto Gil, enquanto a percussão e os metais davam um tempero especial à noite. A mistura envolvente transportou a plateia para um ambiente praiano, onde a chuva se tornou mero detalhe.
Em seguida, foi a vez de Guga Borba trazer sua "Máquina Atemporal" ao festival. Com show que percorreu sua carreira solo e passagens por projetos como Filho dos Livres e a banda de country-rock Belladona, o artista construiu um repertório que transita entre o folk, o rock e influências regionais. Canções como “Senhorita”, “Mestiça”, “Caminhoneiro” e “Vem me Ver” fizeram parte da apresentação na praça, mas foi no encerramento que o público foi ao delírio: “Meu Carnaval”, clássico de sua trajetória, estava na boca de todos.
“São 30 anos de estrada, e agora posso revisitar tudo isso no palco. É emocionante”, destacou o cantor. Para Guga, o Campão Cultural é um espaço essencial para fortalecer a cena musical local e permitir que artistas estabeleçam conexões com o público. “É um privilégio tocar aqui, onde a gente sente a energia de cada pessoa. São noites como essa que mostram o quanto a música tem poder”, disse.
A chuva não intimidou Claudia Pola, 55, professora de artes da rede estadual de ensino, que mergulhou na experiência plural do Campão. “O festival descentraliza a arte, leva cultura para vários pontos da cidade e promove encontros incríveis. É isso que nos faz sentir parte de algo maior.” Para ela, o Campão reforça a importância do acesso à cultura como direito fundamental. “A arte transforma e inspira. É maravilhoso ver tanta gente reunida por isso”.
Fã de Guga Borba há muitos anos, Claudia não poderia perder a oportunidade de prestigiar o show do cantor. Ela foi acompanhada do genro, Everton Mônaco, de 23 anos, e juntos ficaram do começo ao fim da apresentação. Abriram e fecharam o guarda-chuva conforme a chuva ia e vinha, cantaram, dançaram e celebraram cada música.
“Acompanhei a carreira do Guga e sempre admirei sua trajetória. Hoje foi especial, porque pude dividir essa emoção com meu genro. A gente se divertiu muito e viveu algo que vai ficar na memória”, contou Claudia.
Aline da Silva Xavier, atendente de call center, também não hesitou em prestigiar o evento, mesmo após um longo dia de trabalho. “Eu estava saindo do serviço, acabei passando por aqui e resolvi ficar. A energia daqui é única, e ver um show regional desse nível foi incrível”, contou. Para Aline, a diversidade musical do Campão faz toda a diferença. “A gente sai da rotina, conhece novos sons e curte o momento. Vou voltar no próximo fim de semana”.
O Campão Cultural segue com programação de 3 a 6 de abril, dando sequência à primeira semana de atrações e preparando novos encontros para o público no centro e nos bairros da capital. Para conferir a programação completa, acesse o site https://mscultural.ms.gov.br ou siga a página oficial @festivalcampaocultural no Instagram.
Lucas Castro, Comunicação Setesc
Fotos: Marithê do Céu