Campo Grande (MS) – A Polícia Militar Ambiental (PMA) e o Ibama com o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realizaram operação contra o tráfico de papagaio com 53 policiais e fiscais, no período de 26 de setembro até a manhã desta segunda-feira (1º.10), no intuito de evitar a retirada dos filhotes dos ninhos, tendo em vista que, depois da retirada das aves, mesmo quando se apreende, os problemas à natureza e os custos econômicos para cuidar dos filhotes até a reintrodução ao habitat são altos.
A principal região com problema de tráfico de papagaio e que é monitorada é a que constitui os municípios de Anaurilândia, Bataguassu, Batayporã, Brasilândia, Ivinhema, Jateí, Mundo Novo, Naviraí, Nova Andradina, Novo Horizonte do Sul e Santa Rita do Pardo, porém, a Operação foi realizada em todo o território estadual.
Nesta Operação, os ninhos foram monitorados e as saídas do Estado foram fechadas com bloqueios, especialmente, para o estado de São Paulo, que é o principal destino registrado dos filhotes de papagaios traficados em Mato Grosso do Sul.
Apreensão
Com os trabalhos executados, os traficantes não ousaram em tentar retirar as aves dos ninhos. As fiscalizações preventivas rotineiras e os trabalhos de inteligência serão mantidos e outras operações acontecerão até dezembro - final do período reprodutivo da espécie -, quando não há mais interesse dos traficantes, pois os filhotes já estarão grandes.
Durante a Operação, uma equipe da PMA e do Ibama que realizava os trabalhos preventivos nas propriedades rurais de Três Lagoas, abordaram em uma fazenda a 10 Km do centro, um veículo e encontraram um filhote de papagaio em uma caixa. A mulher que adquirira o filhote informou que iria criá-lo, porém, recusou-se a informar se havia retirado do ninho ou comprado; dessa forma, o mesmo foi apreendido.
A infratora, residente em Três Lagoas, foi autuada administrativamente e multada em R$ 5.000,00. Ela também foi conduzida à delegacia de Polícia Civil e responderá por crime ambiental, podendo pegar pena de seis meses a um ano de detenção.
Durante os bloqueios outros crimes ambientais acabaram sendo descobertos como, por exemplo, desmatamentos, exploração ilegal de madeira, incêndio em vegetação e pesca ilegal. Com relação a crimes de natureza adversa à ambiental, 479 Kg de maconha foram apreendidos e uma pessoa denunciada por caça ilegal foi presa por posse ilegal de arma.
Problemas do tráfico de animais silvestres
O tráfico de animais silvestres é considerado a terceira atividade criminosa mais rentável, perdendo apenas para o tráfico de drogas e o tráfico de armas. Porém, em Mato Grosso do Sul, o problema se resume quase que especificamente à espécie do papagaio.
Como o que interessa ao comprador é a capacidade que ela tem de aprender a imitar a voz humana, a retirada só é realizada enquanto filhote. Por esse motivo, o período de agosto a dezembro é preocupante com relação ao tráfico de animais silvestres no Estado, pois é o período reprodutivo dos papagaios, que é o animal mais traficado em Mato Grosso do Sul.
Neste período, operações preventivas nas propriedades rurais para prevenir a retirada dos animais e aliciamentos de funcionários de fazendas e assentados pelos traficantes, para a retirada dos filhotes, são fundamentais. Também é importante a vigilância a traficantes presos em anos anteriores. Bloqueios são importantes também nas saídas do Estado, pois evitam que traficantes de fora e locais sintam-se tentados a praticar o crime.
Texto e fotos: Polícia Militar Ambiental (PMA)