Pequenas grandes iniciativas que impactam vidas e marcam novos capítulos na história das mulheres. O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul tem, desde 2021, premiado práticas inovadoras e programas educativos que promovam, valorizem e defendem os direitos da mulher no ambiente de trabalho com o “Selo Social Empresa Amiga da Mulher”.
Ao longo das edições, projetos de todo o Estado têm mostrado a preocupação de gestores e das empresas com a pauta, desde a contratação de funcionárias mulheres até palestras de qualificação e programas de acolhimento.
No primeiro ano de prêmio, uma boutique da cidade de Jardim apresentou o “Provador da Voz”. A ideia era possibilitar às mulheres pedirem ajuda entre a arara e o espelho, bastava apenas pedir para experimentar um vestido rosa. O “código” alertava as vendedoras que traziam todas as orientações sobre serviços de apoio às mulheres vítimas de violência.
O selo “Empresa Amiga da Mulher” também premiou, em 2021, o projeto “Eu apoio mulheres no Agronegócio”, idealizado pela CEO da Agroimpar, Paula Carmona Beltramin, em Maracaju.
No ramo desde 2009, ela sempre percebeu a timidez das mulheres na hora de buscar serviços na área de consultoria rural. “Este projeto é para apoiar as mulheres aqui da nossa cidade para que elas estejam cada vez mais à frente no setor do agronegócio. Enquanto empresa, quisemos trazer a equidade de gênero e mostrar a força da mulher no agronegócio”, completa.
No ano seguinte, outra iniciativa da mesma empresa também recebeu o selo. “Você é sua” busca trabalhar a autoestima e o resgate da identidade das mulheres, além de devolver a feminilidade.
“As mulheres que vão pro agronegócio, há um tempo atrás, acabavam perdendo a feminilidade, porque é um mundo muito masculino, então a gente ficava mais discreta, tudo pra poder concorrer nesse mercado. No entanto, com o tempo, eu fui vendo que isso não era necessário, que a gente poderia, sim, continuar com essa nossa essência feminina e trabalhar no agro”, lembra Paula Carmona.
No Whats
No resto bar Del Toro, em Ponta Porã, 76% dos colaboradores são mulheres, e a maioria, mães. O resultado nas contratações revela uma das políticas da empresa e o pensamento da proprietária, Bia Bordão. “Contrato mulheres, especialmente mães”.
Além de promover a empregabilidade, foi olhando o passado que Bia teve a ideia de acolher mulheres. “Sou filha de uma mãe que sofreu violência doméstica. Assim que eu comecei a ajudar mulheres que passam por isso a se encorajar”, conta.
Seis anos atrás, Bia fez do celular sem uso da empresa uma ferramenta de ajuda. “Peguei um chip e comecei a divulgar o número e falar: ‘se você sofre violência doméstica, entre em contato que eu posso te ajudar’”, narra.
O que no começo foi pensado para atender às colaboradoras, se estendeu para outras mulheres. A abertura para um contato é o início do acolhimento de uma rede de apoio composto por assistente social e advogada que depois da triagem, acompanham a vítima até o atendimento policial e prestam o auxílio necessário até encaminhando para o mercado de trabalho.
“A assistente social conversa com a pessoa para tirar aquele medo de denunciar e oferecer uma rede de apoio. Encaminhamos para a advogada para tratar de separação, medida protetiva, e essa mulher se sente mais forte e encorajada a sair daquela situação de violência”, completa Bia.
Selo “Empresa Amiga da Mulher”
Para a subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres, Manuela Nicodemos, o selo social é uma estratégia para avançar na promoção, valorização e defesa dos direitos da mulher no ambiente de trabalho.
“A discriminação de gênero é a causa primordial para as violências contra as mulheres, portanto deve ser um compromisso público de todas as pessoas, empresas e instituições, promover boas práticas que coibem qualquer tipo de discriminação e violência contra meninas e mulheres. Nesse sentido, o selo vai estar conectado com o objetivo de desenvolvimento sustentável da ONU número 5, que é alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. A gente conta e espera que as empresas de Mato Grosso do Sul possam se interessar por avançar na equidade de gênero, na igualdade de direitos, e sobretudo no respeito às mulheres no ambiente de trabalho”.
Para se inscrever
O edital do selo prevê contemplar projetos que incentivam a contratação e valorização da mulher no mercado de trabalho, buscando a igualdade de gênero no quadro de pessoal; estimulam o combate ao assédio moral e sexual no ambiente corporativo; promovam a igualdade salarial de gêneros, contribuindo para a redução de desigualdades, com objetivo de valorizar a mulher e fomentar as boas práticas e o incentivo ao aleitamento materno e à valorização da gestante no ambiente de trabalho.
As inscrições podem ser realizadas até o dia 23 de fevereiro de 2024, através do envio da documentação para o e-mail: sppm.mulheres@gmail.com. Cada empresa poderá inscrever mais de uma prática ou programa.
A seleção será feita por um comitê julgador, integrado por representantes da Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres; do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher; da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar); da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso do Sul; da ALEMS (Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul); do TRTMS (Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região); do MPT (Ministério Público do Trabalho – Procuradoria Regional do Trabalho da 24ª Região) e SEBRAE (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Mato Grosso do Sul).
A divulgação do resultado final e apresentação das propostas selecionadas será realizada pela Subsecretaria de Estado de Políticas Públicas para Mulheres, durante as atividades da Campanha “O protagonismo das mulheres sul-mato-grossenses”, que aborda os temas empoderamento, empreendedorismo e empregabilidade das mulheres, no mês de março.
Paula Maciulevicius, Comunicação SEC
Foto de capa: Bruno Rezende