Campo Grande (MS) - As declarações do empresário Wesley Batista, do grupo JBS, na delação da Lava Jato foram consideradas como mentiras deslavadas e, em alguns casos, verdadeiras piadas pelo governador Reinaldo Azambuja. Em coletiva de imprensa, no município de Dourados, neste sábado (20.5), o governador refutou as acusações contra ele, como também sobre os acordos de incentivos fiscais firmados em sua gestão. Ele ressaltou que todos foram feitos com objetivo de gerar emprego e tornar o cenário igualitário para tornar o Estado mais atrativo aos investidores.
Reinaldo Azambuja ainda disse que qualquer acordo entre o Estado e o grupo JBS está fundamentado em documentos que comprovarão a lisura do processo. Já em relação às acusações pessoais, o governador cobrou provas. “Uma pessoa que acusa baseada apenas num acordo de delação para se livrar do crime que cometeu durante anos no País deve, no mínimo, apresentar provas comprovatórias daquilo que está acusando. Quanto às declarações sobre a minha conduta, estou tranquilo na posição de Governador de Mato Grosso do Sul e como pessoa física”, disse.
Mato Grosso do Sul é o estado nota 10 em transparência. “Posição que o Estado nunca havia alcançado em nenhuma outra gestão. Isso me dá total tranquilidade sobre as ações do nosso Governo”, ressaltou o governador.
Imprensa – O Governo emitiu uma nota informando que os R$ 10 milhões eram a respeito de transações partidárias e está tudo de acordo com a lei. Porém, o delator disse que entregou em suas mãos, diferente do que fazia com os outros governos. O que o senhor tem a dizer sobre isso? Isso aconteceu? O senhor recebia propina?
Governador Reinaldo Azambuja - Primeiro acho que é importante fazer um esclarecimento a vocês de todos esses termos de acordo. O Estado tem inúmeros termos de acordo com diversas empresas. Especificamente sobre o que disse o delator, ele citou alguns termos de acordo, cinco termos, sendo quatro deles firmados em governos anteriores e um só no nosso governo. São inúmeros termos que existem hoje do Grupo JF, porque não é só a JBS, tem Seara, tem Eldorado, tem o próprio JBS. E qual é a prática que o Governo do Estado fez após o início de 2015? Nós fizemos toda uma reestruturação de análise nesses termos de acordo, de todas as empresas, não só do grupo JF. Muitos deles que nós achamos que não deveriam continuar foram extintos, alguns quando venceram não foram renovados. Inclusive, tinha uma pressão muito grande por parte, principalmente, do grupo JBS e do Wesley para que continuassem alguns termos de acordo, nós não continuamos. E, inclusive, ameaçaram retaliar o Estado com o fechamento de algumas plantas, e fecharam Iguatemi e Coxim. Nós mantivemos apenas políticas que nós entendemos viável.
Esse termo de acordo específico que foi assinado no nosso mandato diz respeito especificamente da ampliação da estrutura da Seara, aqui na região, que deveria passar de três mil para seis mil suínos. Também prevê a implantação de um frigorífico de perus em Itaporã, dobrar a planta de Caarapó, e dobrar a planta de Sidrolândia que é de aves. Isso foi acordado na política que nós fizemos desde o início do governo que é trocar o imposto pelo emprego.
O resultado dessas políticas de incentivo fez com que Mato Grosso do Sul fosse o único estado que teve geração positiva de emprego nos últimos 12 meses. Então, é totalmente infundada a fala do delator. E o que nós ouvimos é o que vocês ouviram, agora nós vamos ter acesso a toda uma comprovação. Nunca entreguei nenhuma nota, isso é mentira. Estive inúmeras vezes com o Wesley, com o Boni, com o Joesley, com a Juanita, com o Tomazoni, o Grubisich que é o presidente da Eldorado, discutindo investimentos no Estado.
O que o Estado poderia proporcionar ao grupo em incentivos fiscais foi com contrapartida para gerar oportunidades de empregos, mas nunca, nunca entreguei nenhuma nota. Eu e o secretário Jaime Verruck tivemos reuniões com o objetivo de consolidar a ampliação aqui em Dourados que estava sendo discutida por quatro estados: Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Estivemos em São Paulo, eles vieram a Campo Grande, nós praticamente ficamos oito meses discutindo a possibilidade da implantação, foi quando nós firmamos o termo de acordo que possibilitou essa ampliação daqui. Com relação aos valores, o que eu recebi foi do PSDB nacional, uma doação oficial que está ainda no primeiro turno uma parte; a outra parte no segundo turno da campanha. Todas registradas na minha declaração de campanha, e não são R$ 10 milhões, são R$ 10,5 milhões e quinhentos mil que estão declarados.
Até 2014 inúmeras empresas doaram para candidatos como o fizeram, mas nunca teve essa relação de propina, relação de benesses a esse grupo. Isto está na fala do delator que quer se livrar das suas penas e isso precisa ser investigado; até porque, inclusive após a delação, eles ganharam um valor muito substancial que está sendo investigado com o aumento do dólar e, principalmente, na negociação de ações do grupo. Portanto, isso não existe, isso é uma inverdade.
Outra mentira deslavada, que até parece uma piada. Todo mundo sabe como foi o enfrentamento na campanha de 2014, nós tivemos um forte embate contra o candidato do Partido dos Trabalhadores, o Delcídio do Amaral, contra o Nelson Trad Filho. É uma piada dizer que nós tínhamos um acordo, que aquele que ganhasse pagaria a conta do outro, isso é uma piada, uma coisa impensável de uma pessoa que tem muito a esclarecer ao Brasil, ao País, pelo enriquecimento do grupo.
Tudo que nós temos que fazer é que esclarecer à população do Mato Grosso do Sul e vamos fazer mostrando os documentos, mostrando os termos de acordo que não renovamos. Esse termo de acordo que foi o único firmado na nossa gestão ele tem toda clareza, porque é a política de investimentos do Estado.
Assim, como temos outros exemplos, temos um termo de acordo com a empresa Coamo que está instalando uma indústria em Dourados no valor de R$ 700 milhões, essa empresa também foi incentivada e numa relação que é de atração de investimento para o Estado, mas nunca nessa questão, isso não existe e nós vamos nos defender.
Vamos fazer a defesa do Estado porque nunca teve uma negociação espúria entre o Estado com o grupo, isso não existe e eu posso dizer com toda a segurança que vamos provar. Principalmente no que refere à pressão que o JBS fazia para que a gente renovasse os termos do acordo e muitos desses foram cancelados na nossa gestão. Temos toda a transparência, o Estado vai mostrar todos os termos de todas as empresas, isso é público, isso não tem que ser escondido de ninguém.
Mato Grosso do Sul recebeu recentemente, pela segunda vez, nota 10 em transparência. Éramos os últimos quando assumimos a gestão. A pessoa física do governador, não a jurídica do Estado, vai se defender dessas acusações levianas, mentirosas, cheias de uma utopia de um grupo que deve muitas satisfações ao País. Posso dizer a vocês com toda a tranquilidade: não temos nada a esconder, vamos mostrar todas as comprovações seja para remeter ao Superior Tribunal de Justiça ou quando formos chamados, apresentaremos toda essa documentação comprobatória.
Imprensa – Qual a sua opinião sobre as delações, governador?
Governador Reinaldo Azambuja – As delações vêm ocorrendo há muito tempo, de inúmeras empresas, inúmeros delatores, de pessoas envolvidas para se livrar da prisão, por isso muitas vezes mostram fatos e não comprovam, tem que apresentar as provas, tem que dizer especificamente com documentação. A delação faz parte hoje do dia a dia do cenário brasileiro, nós estamos ouvindo sobre delações há praticamente um ano, de inúmeras empresas. Muitas dessas empresas ficaram milionárias no governo anterior, principalmente. Mas especificamente no caso de Mato Grosso do Sul tenho total segurança de dizer que cancelamos muitos e o único que nós firmamos foi justamente para propiciar nossa política de geração de empregos, que defendo com muita tranquilidade. Foi uma política que deu resultados, por isso Mato Grosso do Sul está entre os primeiros em geração de empregos, portanto, é imprescindível que ele (Wesley) prove o que está falando e vamos nos defender com todos os documentos e com toda a comprovação necessária.
Imprensa – Essa crise política toda pode afetar em que o Estado de Mato Grosso do Sul?
Governador Reinaldo Azambuja – A crise política afeta o País. O Brasil vinha numa retomada já de crescimento, nós tivemos o primeiro trimestre com PIB positivo. Essa política de incentivos que nós implantamos para atrair geração de emprego, fortalecer e diversificar a economia, deu resultado. Ano passado o Brasil teve um PIB negativo de 3,8 e Mato Grosso do Sul teve um PIB positivo de 4.96, isso é resultado de uma política implementada no Mato Grosso do Sul na nossa gestão, principalmente para gerar atrativos, empregos e fortalecer a economia.
Agora, a questão da crise é política, institucional, eu acho que tudo deve ser apurado, tudo deve ser investigado. E como eu sempre falei desde a primeira pergunta quando me fizeram, quando começaram essas questões das delações: todo cidadão e cidadã brasileira tem o direito da ampla defesa, isso faz parte do regramento institucional. E é o que nós vamos fazer.
Dentro do Governo nós vamos responder institucionalmente, mostrando e entregando às autoridades competentes tudo aquilo que foi feito. E pessoalmente, eu como pessoa física, tenho meu histórico, minha vida é aberta, todo mundo conhece, muitas pessoas sabem da nossa origem, do nosso passado, do que que nós temos, dos bens que nós temos, não temos nada a esconder. Eu vou me defender desses delatores mentirosos que estão tentando se livrar de uma pena, muito confortavelmente em Miami, em Nova Iorque, fora do Brasil.
Imprensa – Governador, e sobre a acusação de que havia emissão de notas frias por pessoas ligadas ao Governo do senhor?
Governador Reinaldo Azambuja – Isso não existe. O que existe, por exemplo: sou agropecuarista, abato gado sistematicamente com vários frigoríficos, inclusive com o JBS, agora, notas emitidas de gado que não vão para o abate, isso é uma utopia. Ele tem que comprovar. Agora, se o frigorífico tinha alguma prática delituosa de não dar entrada realmente em produtos com intuito de sonegar impostos, eu acho que cabe uma averiguação.
Posso responder por mim, não pelos outros. Eu abati reses no JBS inúmeras, inúmeras vezes durante o ano de 2012, 2013, 2016, e durante o ano de 2017, porque tenho atividade agrícola, tenho atividade pecuária, tenho contrato inclusive de venda de produto, principalmente milho para indústria Seara, contratos feitos comprovadamente, com o produto entregue, as notas emitidas e o pagamento recebido.
Portanto, ele que é o delator que tem que comprovar, nós estamos muito seguros de que nunca entreguei documento nenhum. Todas as reuniões que tivemos, inclusive com a participação do secretário Jaime Verruck foi para discutirmos a ampliação da Seara, das plantas de Eldorado e Três Lagoas, nós firmamos os termos de acordo dentro da regra estabelecida.
E por que que nós cancelamos ou não renovamos alguns termos de acordo da indústria JBS? Porque muitos desses termos de acordos que foram firmados, não tinham uma igualdade de tratamento como tinha os outros segmentos. E por isso nós anulamos. Então isso para nós é uma defesa tranquila e nós vamos comprovar isso com a documentação pertinente.
Imprensa – Diante desses fatos, o senhor considera que a carne é fraca ou não?
Governador Reinaldo Azambuja – Não, eu acho que a carne é forte. A carne de Mato Grosso do Sul é tão forte que ela é a melhor carne do Brasil. Isso nós temos que cultivar e agradecer principalmente à pecuária, aos pecuaristas que investem, que melhoram a genética. Se você olhar a redução da idade do abate foi enorme, o desfrute, que quer dizer quantas reses nós abatemos por ano aumentou muito, mesmo com a redução do nosso rebanho. Então a carne é forte. O que precisa é esclarecer as coisas, é mostrar realmente as documentações, entregar os documentos comprobatórios e quanto a isso nós estamos muito tranquilos e vamos apresentar às autoridades competentes tudo que nos for solicitado.
Subsecretaria de Comunicação (Subcom)