Campo Grande (MS) - Depois de 20 anos de espera, o tapeceiro Ubaldino Simões, de 59 anos, tem esperança de finalmente ver o sonho realizado: fim dos alagamentos na avenida Ernesto Geisel, na região do bairro Taquarussu. O problema deve ser solucionado com as obras de revitalização, que já estão em andamento e incluem a recomposição das margens do rio Anhanduí, com a construção de muros de gabião e placas de concreto, a implantação de uma ciclovia, a construção de bocas de lobo para captar a enxurrada e a recomposição da pista.
O projeto estava parado há mais de cinco anos, correndo o risco de perder recursos federais, mas foi retomado no ano passado graças à parceria entre Prefeitura e Estado. A obra faz parte do programa Juntos por Campo Grande, orçado em R$ 180 milhões e que abrange 28 frentes de trabalho. A revitalização do rio Anhanduí prevê investimentos de R$ 49 milhões e o governador Reinaldo Azambuja assinou convênio para conceder o recurso exigido de contrapartida (R$ 15 milhões) para liberação da verba federal.
“Esse recurso (federal) estava praticamente perdido. Antes mesmo do prefeito assumir a administração nós corremos atrás para segurar a verba. O Estado auxiliou o município nesse processo. O dinheiro já estava liberado, mas precisava da contrapartida. Se o Estado não tivesse ajudado, as obras iriam avançar em um ritmo mais lento porque a Prefeitura não teria recurso suficiente”, explica o secretário Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fiorese.
A empresária Dulce Rodrigues, que tem comércio na avenida, lembra que foram feitas muitas promessas de obras no local, “mas ninguém nunca fez nada”, pontuando que apenas reparos emergenciais foram realizados nos últimos anos. “Acho que estão fazendo um serviço bem feito e eu acredito que vai ficar uma maravilha. Era algo que precisava ter sido feito há anos”, frisa.
Enchentes
Para os moradores, a maior expectativa é de que as obras acabem com os alagamentos frequentes em dias de chuva intensa. “Todo ano é assim: chove e alaga tudo. As piores enchentes são no fim do ano. Em outubro eu já começo a colocar minhas roupas em sacolas plásticas, guardo tudo que consigo para não perder na água”, relata Isabel Andrade, de 59 anos.
O tapeceiro Ubaldino diz que já perdeu as contas de quantas vezes teve prejuízo devido aos alagamentos. “Na minha profissão, é ainda maior o prejuízo porque eu tenho muito material aqui que estraga com a água. Quando começa a chover eu tento erguer tudo o mais alto possível para salvar, mas nem sempre dá tempo”, lamenta. Vendo o andamento da obra, ele confessa que sonha em ver o trabalho concluído e o problema das enchentes solucionado.
Isabel compartilha do mesmo sonho e faz planos de melhoria na casa para o dia em que a chuva não for uma ameaça de dano aos seus pertences. “Eu não coloco um parafuso na minha casa porque não quero jogar dinheiro fora. Tenho medo de encher de água e perder tudo. Se acabar as enchentes quero deixar minha casa arrumadinha”, planeja.
Melhorias
Outra antiga reivindicação da população é sobre o perigo de desmoronamento do asfalto às margens do rio. O problema será solucionado com a contenção da erosão que avança sobre a pista e compromete o tráfego. “É um problema antigo. Aqui nesta parte [próximo ao shopping] o asfalto estava cedendo. Muita erosão e buracos na pista. Direto tem acidente”, conta a doméstica Marinalva dos Santos, de 53 anos, lembrando que o portão da sua casa já foi derrubado em um acidente de trânsito.
A empresária Célia Medeiros, de 54 anos, espera que a revitalização da via valorize a região e atraia maior clientela. “A gente está torcendo para que dê tudo certo e fique uma maravilha essa obra. Acredito que vai valorizar os imóveis da região e aumentar o número de clientes”, projeta.
Nesta etapa das obras, estão previstas intervenções em trecho de cerca de dois quilômetros, entre as ruas Santa Adélia e do Aquário, com investimento de mais de R$ 48 milhões e previsão de conclusão em 2020.
Serão feitas intervenções para recompor as margens do rio, com trechos em gabião e outras de placas de concreto; urbanização; abertura de uma ciclovia paralela ao canal; bocas de lobo das ruas para captar a enxurrada que desce das ruas laterais e recapeamento das duas pistas da avenida Ernesto Geisel, em uma extensão de quatro quilômetros. Veja mais fotos.
Paula Vitorino - Subsecretaria de Comunicação (Subcom)
Fotos: Edemir Rodrigues