Campo Grande (MS) – Projeto do Ministério da Integração Nacional pode construir soluções conjuntas para impulsionar a produção leiteira em pelo menos 16 municípios localizados nas regiões Central e Sudeste de Mato Grosso do Sul. A Rota do Leite está sendo discutida em Oficina de Planejamento nestes dias 14 e 15 de agosto no auditório da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), em Campo Grande, em parceria entre o Ministério da Integração Nacional e o governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro).
A oficina reúne técnicos dos Ministérios da Integração Nacional, Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Agência Regional de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae), e produtores de leite de diversos municípios.
Ao final da oficina serão definidos: a abrangência da Rota do Leite de Mato Grosso do Sul, cuja proposta inicial envolve 16 municípios; o nome do pólo, levantado um diagnóstico da situação atual da região, definida a visão de futuro do arranjo produtivo, a carteira de projetos e ações e um comitê para gerenciar e cuidar dos interesses do grupo.
Reuniões preparatórias
A proposta, conduzida pela Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional, teve início em 2015, durante reunião em Brasília, que teve a participação do secretário adjunto da Semagro, Ricardo Senna, representando Mato Grosso do Sul. Na ocasião o Ministério apresentou levantamento que identificou quatro Arranjos Produtivos Locais (APLs) comuns aos estados da região Centro-Oeste – madeira e móveis, leite, aquicultura e apicultura. Em outras duas reuniões subsequentes ficou definido para Mato Grosso do Sul trabalhar com o arranjo produtivo do leite. Esse projeto se desenvolve no modelo de rota por atender uma área territorial integrada.
“O objetivo, agora, é identificar os gargalos, os desafios e as oportunidades que nos oferece o setor leiteiro. Com esse levantamento vamos estruturar uma agenda única e desenvolver as ações necessárias. É importante trabalhar em convergência, se as cadeias não se conversarem, vamos desperdiçar tempo e recursos”, pontuou Ricardo Senna.
Nesse sentido tem papel preponderante a Câmara Setorial do Leite, continuou Senna, destacando o trabalho “dinâmico” que vem sendo conduzido pelo coordenador Lineu Pasqualotto, que também é diretor do Silems (Sindicato das Indústrias de Laticínio de Mato Grosso do Sul). A Semana do Leite (entre 28 de maio e 4 de junho) e outras ações para divulgar o produto foram ações recentes da Câmara do Leite, que está à frente da realização dessa 1ª Oficina de Planejamento da Rota do Leite.
Desafios
A cadeia produtiva do leite tem a virtude de ser a que mais gera empregos no campo, consequentemente a que tem maior potencial de fixar o homem na terra. Nem por isso exibe números animadores no quesito renda, conforme mostrou o coordenador geral da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional, José Joaquim Carneiro Filho. O problema maior está no universo de produtores de leite. Mais de 90% tem baixa ou nenhuma escolaridade, e 78% nunca receberam assistência técnica. O resultado é uma produção baixa, sem qualidade, rebanhos não especializados e com problemas de sanidade, o que dificulta a venda do leite para outros estados.
O diretor presidente da Agraer, Enelvo Felini, foi enfático ao elencar os problemas que os técnicos da Agência detectam nas visitas a campo. “Temos problemas de genética, de alimentação do rebanho e de higiene. Os técnicos estão batendo duro, orientando o produtor a dar comida adequada para suas vacas, senão não vai produzir. Precisamos fazer ajustes profundos, temos 20 laticínios fechados e não é por falta de oferta de leite, é por falta de mercado”.
Esses e outros problemas serão debatidos durante a Oficina, que prossegue até esta terça-feira (15.8), no auditório da OCB/MS. Pela manhã, nesta segunda-feira, além da apresentação de José Joaquim Carneiro Filho, falaram representantes do Ministério da Agricultura, Embrapa, Sebrae, Senar e Agraer. Os trabalhos prosseguiram à tarde com definição do nome e abrangência do Polo, dos grupos de trabalho e da visão de futuro do arranjo produtivo. No segundo dia de oficina as decisões mais importante são a construção da carteira de projetos e ações e a definição do Comitê Gestor do Polo.
Durante a solenidade de abertura, estiveram presentes, ainda, o superintendente de Meio Ambiente, C&T, Produção e Agricultura Familiar da Semagro, Rogério Beretta; o superintendente regional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Orlando Baez; o chefe geral da Embrapa-CPAO, Guilherme Lafourcade Asmus; o superintendente do Sebrae, Claudio Mendonça; o prefeito de Glória de Dourados, Aristeu Nantes, técnicos e produtores rurais.
João Prestes - Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro)
Foto: Noli Corrêa