“A gente aprende que o transplante não é só trocar um órgão, é trocar medo por esperança, é trocar solidão por união. Eu costumo dizer que hoje tenho duas datas de nascimento, a oficial, que é da certidão, e essa segunda que veio como um presente divino. Quero dizer para todos que estão na fila que mesmo com medo, a gente vence. Não é fácil, mas é possível, a vida continua e fica ainda mais bonita”.

O depoimento emocionante é do Carlos Iriberto, um dos 47 pacientes que receberam um novo fígado após transplante hepático realizado no Hospital Adventista do Pênfigo, em Campo Grande. A solenidade que marcou um ano da realização do primeiro procedimento contou com a presença do governador Eduardo Riedel, reforçando a importância desse marco para a saúde pública no Estado.
“Mato Grosso do Sul já é o 4º estado que mais realiza transplantes no Brasil. Quero reconhecer o trabalho de toda a equipe técnica, sob a liderança do doutor Gustavo Rapassi. Deixo também minha homenagem à Casa Militar e aos nossos pilotos, que não medem esforços, não importa o dia ou a hora, estão sempre prontos para buscar órgãos em outros estados e salvar vidas. A Secretaria de Saúde do Estado seguirá à disposição, firme no compromisso de trabalhar pela vida das pessoas”, destacou Riedel.
O transplante de fígado é considerado um dos procedimentos mais complexos da medicina. Até 2023, Mato Grosso do Sul não contava com centros habilitados para esse tipo de cirurgia. Com o início das atividades no HAP, essa realidade foi transformada em tempo recorde, garantindo aos pacientes uma nova chance de vida.
Todo o trabalho é liderado pelo cirurgião Gustavo Rapassi, diretor clínico da Fratello Transplantes e responsável pelos procedimentos realizados no Hospital Adventista do Pênfigo. Durante a fala, fez questão de agradecer todos os envolvidos e reforçou a importância de parcerias, como a do Governo do Estado.
“Em todo país a fila de transplantes é regulada pelo SUS. Nada disso seria possível sem o 'sim' das famílias doadoras, é esse gesto de generosidade que torna tudo real. Estamos completando o primeiro ano de transplantes em Mato Grosso do Sul, e isso é apenas o começo. Se Deus continuar nos abençoando, nosso nome estará escrito na história por termos contribuído para salvar muitas vidas”, disse, emocionado, Gustavo Rapassi.
A Fratello é uma associação sem fins lucrativos de Mato Grosso do Sul, formada por pacientes transplantados, seus familiares e profissionais comprometidos com a causa da doação e transplante de órgãos e tecidos.
“Se eu tivesse que resumir toda a celebração desta noite em uma única palavra, sem nenhuma dúvida, essa palavra seria caridade. Ao olharmos para esta sala repleta de vidas e histórias entrelaçadas, sentimos a força de um ano que transformou não apenas o destino de muitas pessoas, mas também a essência da caridade em nosso Estado. Hoje celebramos um marco que nos enche de orgulho e gratidão. Naquele instante, em 23 de julho de 2024, a medicina encontrou a fé, a técnica se uniu ao amor, e a ciência se curvou diante da grandeza da vida. De lá para cá, 47 pessoas renasceram, não apenas com palavras bonitas, mas com ar nos pulmões, o coração batendo forte e os olhos cheios de esperança”, declarou o presidente da Fratello, João Paulo Corrêa.
A “Árvore da Vida”, símbolo do transplante fraterno, representa não apenas a superação, mas a continuidade da vida.
Além de reduzir a necessidade de deslocamento dos pacientes para outros estados, o serviço fortalece a capacidade resolutiva do SUS (Sistema Único de Saúde) em Mato Grosso do Sul e amplia as possibilidades de cuidado em casos graves de insuficiência hepática. Todos os casos são acompanhados pela Central Estadual de Transplantes, coordenada por Claire Miozzo.
“Hoje é um dia de celebração, emoção e, acima de tudo, profunda gratidão. Comemoramos um marco importantíssimo para a saúde do nosso Estado e, principalmente, um símbolo de esperança para todos os pacientes que aguardam por um transplante de fígado. Não poderia deixar de prestar uma homenagem especial às famílias dos doadores, que, mesmo enfrentando a dor imensurável da perda de um ente querido, tiveram a generosidade de dizer 'sim' à vida. Esse gesto de amor e solidariedade ofereceu a outras pessoas uma nova chance de viver”, destacou Claire Miozzo.
Ao final do evento, os pacientes transplantados foram aplaudidos de pé, uma homenagem que simboliza a realização de um sonho em Mato Grosso do Sul. O transplante hepático deixou de ser apenas uma esperança distante e se tornou realidade, graças a profissionais que uniram forças por uma causa maior: salvar vidas.
“Hoje não é apenas uma comemoração de um ano de transplantes. É o aniversário de uma nova chance para mim, para todos que estão aqui e para tantas famílias que voltaram a viver. Cada um de nós carrega uma história diferente, mas todos compartilhamos o mesmo sentimento: gratidão. À equipe médica, aos doadores, às famílias que disseram ‘sim’ mesmo em um momento de profunda dor”, finalizou emocionado Carlos Iriberto, paciente transplantado.
Evelyn Souza, Comunicação Governo de MS
Fotos: Saul Schramm/Secom